sábado, 5 de abril de 2008

Grande sertão: veredas (João Guimarães Rosa) - 1985

Em 06 DVD's.
Minissérie de Wálter George Durst
colaboração de José Antônio de Souza
baseada no romance homônimo de Guimarães Rosa
direção geral de Wálter Avancini
SINOPSE
No sertão de Minas, nas primeiras décadas do século XX, as tropas federais, representadas por Zé Bebelo, estão em conflito com as forças provinciais, apoiadas por exércitos de jagunços. O vaqueiro Riobaldo narra sua vida de jagunço: são histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia.
Riobaldo era um dos que percorriam o sertão abrindo o caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava: Reinaldo, ou Diadorim. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes.
Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele, e o apelida de Tatarana. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro acaba sendo traído e assassinado por Hermógenes, um dos seus companheiros. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda aquela árida região. Como o medo da morte e com uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo, que toma cada vez mais conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não explícito.
Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o grande amigo Diadorim.
Ao final, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher: Deodorina, filha de Joca Ramiro, disfarçada em homem.
ELENCO
TONY RAMOS - Riobaldo (Tatarana)
BRUNA LOMBARDI - Diadorim (Reinaldo)
TARCÍSIO MEIRA - Hermógenes
RÚBENS DE FALCO - Joca Ramiro
TAUMATURGO FERREIRA - Fafafa
EDUARDO ABBAS - João Goanhá
JOÃO SIGNORELLI - Capixum
JOSÉ DUMONT - Zé Bebelo
ROGÉRIO MÁRCICO - Titão Passos
WILSON FRAGOSO - Medeiro Vaz
MÁRIO ALIMARI - Paspe
ANA HELENA BERENGER - Otacília
ARNALDO WEISS - Selorico Mendes
REYNALDO GONZAGA - Padre Missionário
MARIA HELENA VELASCO - Ana Duzuza
CARLOS GREGÓRIO - Jisé Simpilício
CRISTINA MEDEIROS - Rosa Uard
SEBASTIÃO VASCONCELOS - Só Candelário
CASTRO GONZAGA - Marcelino Pampa
LUTERO LUIZ - Garanco
IVAN SETTA - Aristides
VALDIR FERNANDES - Freitas Filho
BENTINHO - Teofrásio
NEUZA BORGES - mãe de Eugrácio
IVAN MESQUITA - Rudgerio Freitas
LINEU DIAS - Seo Ornelas
SILVANA LOPES - mulher de Hermógenes
ROGACIANO DE FREITAS - Vô Anselmo
HENRIQUE LISBOA - Mestre Lucas
DENISE MILFONT - Nhorinhá
ÉRICO VIDAL - Antenor
ALFREDO MURPHY - Lacrau
MARCOS MACENA - Ricardão
WALTER SANTOS - Alaripe
WALTER BABALU - Jiribide
MANFREDO BAHIA - João Vaqueiro
PAULO ALENCAR - Sesfredo
CARLOS LAGOEIRO - Felisberto
JORGE EDISON - Quipes
ALMIR CABRAL - Raimundo Lé
GERALDO MAGELA - Dosmo
CARLOS WALMOR - Gavião Cujo
PAULINHO OLIVEIRA - Admeto
IDIORACY SANTOS - João Peludo
JOSÉ AUGUSTO BRANCO - Seo Habão
MARIA GLADYS - Maria do Padre
UMBERTO MAGNANI - Borromeu
PAULO VIGNOLO - Riobaldo (criança)
MARIANA MACNIVEN - Diadorim (criança)e
NEY LATORRACA - Padre Ponte
YONÁ MAGALHÃES - Maria Mutema
MÁRIO LAGO - Compadre Quelemem (narrador)
Bastidores
Uma experiência audaciosa resultando num grande espetáculo. O mais arrojado e bem sucedido projeto global, veículo para as comemorações de vinte anos da Rede Globo.
Seus idealizadores, Durst e Avancini, explicaram que estariam realizados se conseguissem levar apenas quinze por cento do universo de Guimarães Rosa para os telespectadores. O resultado final exibiu ao público uma porcentagem muito maior, avaliada pela dupla de criação.
Daniel Filho menciona em seu livro
O Circo Eletrônico:"Grande Sertão: Veredas era considerado inadaptável, mas julgo que Avancini conseguiu um trabalho maravilhoso de pesquisa, de persistência. Fizemos uma homenagem a ele que poucos diretores receberam, na televisão, dos seus próprios colegas. Ficamos tão orgulhosos do trabalho do Avancini que, apoiados pelo Boni, pelo Armando Nogueira e o pessoal do jornalismo, demos uma festa que não foi divulgada na época, quando entregamos um prêmio a ele".
Sobre a escalação dos atores principais, Daniel comentou:"Em Grande Sertão, Avancini me vendeu com grande dificuldade a escolha de Bruna Lombardi para o papel de Diadorim (apesar de Bruna ter sido um erro, não como atriz, mas por saber-se que era mulher). O grande conflito é a paixão entre os dois 'jagunços'. Ao se saber de antemão tratar-se de uma mulher, some o enredo principal. Mas Avancini defendia que na televisão e com a distância entre gravação e exibição, o segredo seria revelado de qualquer maneira. Melhor seria uma linda e conhecida atriz no papel de homem. Era a visão dele, e bem defendida. Concordei. Na adaptação, outros pontos da história seriam levantados. Para o Riobaldo ele queria outro ator, mas achei muito arriscado e não coerente com a tese da atriz. Voltou sugerindo o Tony Ramos. Ai estava armada uma boa escalação".
Grande momento nas carreiras dos atores Tony Ramos, Tarcísio Meira, e em especial de Bruna Lombardi, consagrada como atriz ao interpretar o jagunço Diadorim. Como prêmio, Bruna, no ano seguinte, seria a protagonista da minissérie
Memórias de um Gigolô e da novela Roda de Fogo.
Os 25 capítulos da minissérie foram gravados ao longo de 90 dias, durante os quais até 2 mil pessoas embrenharam-se no sertão. A equipe de produção, formada por cerca de 300 profissionais, mudou-se para um lugarejo no distrito de Buritizeiro (MG) chamado Paredão de Minas, onde foi construída toda a infra-estrutura necessária para as gravações e hospedagem de todos.
A minissérie foi gravada totalmente em locação, tanto nas cenas externas quanto nas internas, e o diretor fez questão de que todos os integrantes da produção visitassem o sertão. Até mesmo o maestro Júlio Medaglia, encarregado pela trilha sonora, passou uma semana em Paredão de Minas.
Grande Sertão: Veredas já havia sido levado ao cinema, em 1964, no filme dirigido por Renato Geraldo Santos Pereira, com Sônia Clara como Diadorim e Maurício do Valle como Riobaldo.