Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido num supermercado, mas apodrece e acaba no lixo. Acaba? Não. ILHA DAS FLORES segue-o até seu verdadeiro final, entre animais, lixo, mulheres e crianças. E então fica clara a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos.
Direção: Jorge Furtado
Produção Executiva: Monica Schmiedt, Giba Assis Brasil e Nora Goulart Roteiro: Jorge Furtado Direção de Fotografia: Roberto Henkin e Sérgio Amon Direção de Arte: Fiapo Barth Música: Geraldo Flach Direção de Produção: Nora Goulart Montagem: Giba Assis Brasil Assistente de Direção: Ana Luiza Azevedo
Uma Produção da Casa de Cinema PoA
Elenco Principal: Paulo José (Narração) Ciça Reckziegel (Dona Anete)
Prêmios
17º Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1989: Melhor filme de curta metragem (júri oficial, júri popular e prêmio da crítica), Melhor roteiro, Melhor montagem e mais 4 prêmios regionais (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem).
40º International Filmfestival, Berlim, Alemanha, 1990: Urso de Prata para curta metragem.
Prêmio Air France, Rio de Janeiro, 1990: Melhor curta metragem brasileiro.
Prêmio Margarida de Prata (CNBB), Brasília, 1990: Melhor curta-metragem.
3º Festival Internacional do Curta-metragem, Clermont-Ferrand, França, 1991: Prêmio Especial do Júri, Melhor Filme (Júri Popular).
American Film and Video Festival, New York, 1991: Blue Ribbon Award.
7º No-budget Kurzfilmfestival, Hamburgo, Alemanha, 1991: Melhor Filme.
Festival International du Film de Region, Saint Paul, França, 1993: Melhor Filme.
Exibido na mostra "Os 10 Melhores curtas brasileiros da década de 80", no Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro, 1990.
Crítica
"O melhor filme (do) Festival de Gramado dura menos de 20 minutos e narra a trajetória de um tomate. Depois da exibição de ILHA DAS FLORES, o Cine Embaixador ouviu a maior ovação deste ano. Todos os outros curta metragistas que esperavam levar o Kikito de melhor filme ficaram de cabeça baixa. (...) Não há dúvida: ILHA DAS FLORES é uma obra-prima. Depois dele, o documentário nunca mais será o mesmo." (Artur Xexéo, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17/06/1989)
"ILHA DAS FLORES encantou as inteligências médias e globais dos artistas nacionais. Trata-se de uma obra redundante, demagógica, apelativa e incapaz de permitir a atividade do intelecto alheio. (...) Não há uma só novidade de conteúdo em ILHA DAS FLORES. Formalmente, é uma cartilha para analfabetos. A cena em que as pessoas recolhem lixo é capaz de superar os piores programas globais em chantagem emocional. A burguesia presente em Gramado delirou. (...) Usa-se um chavão sobre a liberdade, 'termo inexplicável mas de decodificação universal', ou qualquer coisa que o valha (...) para dar o fecho de ouro. O 'efeito Collor' funcionou outra vez." (Juremir Silva, Zero Hora, Porto Alegre, 17/06/1989)
"Nunca houve uma cena semelhante nas 16 edições anteriores do Festival de Gramado: toda a platéia que superlotava o Palácio dos Festivais aplaudindo de pé e histericamente, um curta metragem. (...) O Filme ILHA DAS FLORES, de 13 minutos de duração, bateu no Festival com o vigor de um CIDADÃO KANE: é novo, original, engraçado, contundente e, finalmente, emocionante, ao fechar se com uma citação de Cecília Meirelles: 'liberdade é um palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda'." (Edmar Pereira, Jornal da Tarde, São Paulo, 17/06/1989)
"O único documentário entre os 13 curtas selecionados zomba do seu próprio gênero. Desmonta com originalidade e vigor criativo o discurso paternalista que fundamenta a maioria dos documentários brasileiros (...), com uma narativa engenhosa que segue num crescendo de tirar o fôlego. (...) ILHA DAS FLORES é o resultado de uma alquimia muito especial, onde tudo dá certo. É um curta bem humorado, sem com isso transformar a desgraça (...) em matéria de riso. Jorge Furtado inventa assim o documentário crueldade." (Maria do Rosário Caetano, Correio Braziliense, Brasília, 17/06/1989)
"Hoje à noite, Jorge Furtado vai subir ao palco do Palácio dos Festivais para receber o seu Kikito de melhor curta-metragista em Gramado. (...) Se isso não acontecer, entrarão em ação a polícia, os bombeiros, o Exército, a Marinha e até os escoteiros-mirins. Seria uma injustiça, um roubo, um acinte, uma vergonha. O seu ILHA DAS FLORES, apresentado anteontem, é a coisa mais original produzida pelo cinema brasileiro nos últimos dez anos, pelo menos. E isso é o mínimo que se pode dizer." (O GLOBO, Rio de Janeiro, 17/06/89)
"A diferença entre Furtado e os outros novos cineastas está exatamente aí: o diretor conhece seu público como a palma da mão, e sabe o que pode e o que não vai agradar aos jovens. (...) Mas a verdadeira marca pessoal do autor está na emoção: ninguém dentre os espectadores pode sair de um filme de Jorge Furtado sem pensar. A proeza dele é conseguir falar do tema que quiser (miséria, futebol, prisão) para um público pouco seletivo e, mesmo assim, fazê-lo refletir. Ponto para Furtado." (Marco Fogel, CINE IMAGINÁRIO, Rio de Janeiro, agosto/89)
"Abrindo o programa, e muito mais surpreendente, o curta brasileiro Ilha das Flores, que através de uma narração sarcástica constrói uma pirâmide de informações que envolvem a jornada de um tomate da plantação ao lixo. Dirigido por Jorge Furtado, o filme parece fácil e irreverente em seu início, mas é construído num crescendo de indignação que faz com que alcance o seu real propósito". (Janet Maslin, New York Times, 1991)
"ILHA DAS FLORES, do portoalegrense Jorge Furtado, vencedor do Urso de Prata em Berlim'90, é um filme político que faz rir com sarcasmo do início ao fim. Em apenas 13 minutos, diz tudo aquilo que é preciso saber sobre quem é responsável pelo massacre do planeta Terra, partindo do lixo e de um tomate." (Roberto Silvestri, Il Manifesto, Milão, 07/03/1991)
"O festival de Clermont-Ferrand, na França, selecionou dois filmes brasileiros para constarem na lista dos cem mais importantes curtas na história do cinema. Os escolhidos foram: Couro de Gato (1962), de Joaquim Pedro de Andrade e Ilha das Flores (1989) de Jorge Furtado." (Revista SET, 1995)
"Sem dúvida alguma, os 12 minutos mais potentes do cinema brasileiro. (...) O texto é dirigido em tom irônico por Jorge Furtado a 'extraterrestres' - que desconhecem tudo sobre os seres humanos, seu planeta, seus sistemas econômicos, suas crenças, suas prioridades, seu conceito de liberdade. No fundo, Jorge Furtado e equipe (a turma da Casa de Cinema de Porto Alegre) promovem densa reflexão sobre o destino do homem pobre, aquele que não conquistou seus direitos de cidadão, e por isso disputa o lixo com porcos." (Maria do Rosário Caetano, Jornal do MEC, Brasília, outubro/1998)