quarta-feira, 30 de julho de 2008

“Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global visto do lado de cá”- 2006



Dirigido por Sílvio Tendler, o documentário “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global visto do lado de cá” traz depoimentos do próprio geógrafo Milton Santos, além de estudiosos de economia e ativistas sociais e políticos.O tema central enfatiza os problemas que surgiram com a globalização. A opressão dos países ricos aos países mais pobres e subdesenvolvidos, proporcionando discrepante diferença entre o hemisfério norte e o hemisfério sul.Milton Santos critica o fato do homem deixar de ser o centro do universo, posto atualmente ocupado pelo dinheiro.Através de imagens, vemos os protestos na Bolívia, Argentina, Brasil e em um fórum que sugeria a privatização da água potável.O geógrafo aponta as grandes corporações, o poder internacional, a inexistente democracia e a mídia como forma de manipulação; os reais vilões do “globalitarismo”, ou seja, uma nova forma de totalitarismo. Ele ainda destaca que nunca houve humanidade e que se alguma atitude for tomada, deverá partir das classes pobres e dominadas.Vemos ainda que, apesar de toda a dificuldade enfrentada, existem pessoas e grupos que conseguem se expressar e mostrar um pouco dessa realidade, como os rappers de Ceilândia, cidade satélite com alto índice de violência. Através da música, eles reforçam as suas identidades de moradores da periferia e fazem uso da arte para protestar e amenizar as dificuldades.Outro exemplo significativo é o da cineasta Aline Sasahara que registra o dia-a-dia do MST e ainda explica de maneira inteligente que a mídia mostra o que quer e da maneira que ela quer que o povo veja — “acontecem milhares de coisas todos os dias, mas a mídia mostra apenas algumas dessas coisas, dando a falsa idéia de que só aconteceu o que foi mostrado.”A mídia maquia a verdadeira globalização. Através da persuasão, é desenvolvida a capacidade de convencer a grande massa popular, reforçando a idéia de que as desigualdades provocadas pela globalização se fazem necessárias em detrimento do bem comum.De forma subjetiva, a mídia atinge seus objetivos no que diz respeito a reforçar as ideologias, transformar identidades, vender produtos e ideais de beleza, além de esteriotipar determinado povo ou cultura, como acontece com o Movimento dos Sem Terra.De acordo com Milton Santos, existem três globalizações, a primeira é o mundo que nos fazem ver; a segunda seria o mundo tal como ele é, “a globalização como perversidade”, e a terceira seria uma outra globalização: o mundo como ele pode ser.O documentário foi premiado com o Candango de Melhor Filme – Júri Popular, no Festival de Brasília, em 2006.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Terra em Transe (Glauber Rocha) - 1967



Senador Porfírio Diaz odia o seu povo, e pretende se coroar imperador de um país fictício chamado Eldorado, para impor ao povo todas as suas vontades. Mas existem outros homens que querem esse poder e lutar contra este poder.

Premiações-
Melhor Atriz (Glauce Rocha), Argumento (Glauber Rocha), Fotografia (Dib Lutfi) e Edição (Eduardo Escorel) no Prêmio Governo do Estado de São Paulo, SP 1967.
- Melhor Filme, diretor, Ator (José Lewgoy), Atriz (Glauce Rocha) e Menção Honrosa (Luis Carlos Barreto) no II Festival de Cinema de Juiz de Fora, MG, 1967.
- Prêmios Luiz Buñuel e Fipresci no XX Festival Internacional do Filme, Cannes, França, 1967.
- Prêmio da Crítica e Melhor Filme no Festical de Havana, Cuba, 1967.

Curiosidades-
Em abril de 1967 o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado subversivo e irreverente com a Igreja. Depois foi liberado com a condição de que se desse um nome ao padre interpetrado por Jofre Soares.
- Luiz Carlos Barreto, Carlos Diegus, Raimundo Wanderley juntos com Glauber Rocha foram Produtores Associados no filme.

A Máquina (Adriana Falcão) - 2005



Em Nordestina, cidadezinha perdida no sertão, "Karina da rua de baixo" sonha em ser atriz e partir para o mundo. Antes que seu amor lhe escape, "Antônio de Dona Nazaré" adianta-se numa cruzada kamikaze para trazer o mundo até Karina. Uma história em que os sonhos contradizem a realidade, as condições geográficas e políticas ameaçam conter a vida, e o amor desempenha o papel de elemento transformador.

Curiosidades- Baseado em livro de Adriana Falcão e em peça teatral de João Falcão.- Este é o 7º filme em que os atores Wagner Moura e Lázaro Ramos atuam juntos. Os demais foram Sabor da Paixão (2000), As Três Marias (2002), Carandiru (2003), O Homem do Ano (2003), Nina (2004) e Cidade Baixa (2005).- Exibido na mostra Première Brasil, no Festival do Rio 2005.

O Diabo a Quatro (Alice de Andrade) - 2004



Os destinos de quatro personagens se entrelaçam dentro do restrito perímetro de uns poucos quarteirões de Copacabana, caldeirão de fantasmas e falsas aparências, o avesso do Rio cartão-postal. Dois homens e um menino apaixonados pela mesma mulher. Quatro esdrúxulos mosqueteiros na terra do "cada um por si e Deus contra todos". Mas, no Brasil, é sempre Deus quem ri melhor. Uma delirante comédia social, viagem sem volta que levará o público, pelo caminho do humor e da fantasia, para longe dos clichês sobre a miséria e a violência no Brasil.

Curiosidades- Título em inglês Four For None.- Alice Andrade, diretora do curta Dente Por Dente, estréia na direção de um longa-metragem.- Alice Andrade passou dois meses nas ruas, conversando com prostitutas, meninos de rua, policiais e moradores de Copacabana.- Maria Flor é filha de Joaquim Pedro de Andrade, um dos grandes nomes do Cinema Novo.- O carro da Heaven Promotions, agência de garotas de programa do filme. A van foi especialmente pintada para cenas de perseguição e tiroteio na Avenida Atlântica. "Muita gente achou que era de verdade e se jogou no chão. Os velhinhos pulavam do calçadão para a areia", conta Alice. Na seqüência, o personagem de Marcelo Faria corre atrás de seu amor, a prostituta amazonense Rita de Cássia (Maria Flor), que foge no carro com o cafetão Tim Mais (Márcio Libar).

O Coronel e o Lobisomem (José Cândido de Carvalho) - 2005



Ponciano de Azeredo Furtado é um coronel de patente e fazendeiro por herança, que luta contra seu irmão de criação Pernambuco Nogueira para manter as terras da Fazenda Sobradinho e conquistar o coração de sua prima Esmeraldina. Para vencer esta batalha Ponciano precisa enfrentar feras, agiotas e ladrões, além de se envolver com a vida boêmia da cidade e ainda espantar assombrações.
Curiosidades- Filme de estréia do diretor Maurício Farias, depois de dois curtas e trabalhos bem-sucedidos na televisão, como a direção do seriado “A grande família”. - O Coronel e o Lobisomem, baseado no clássico de José Cândido de Carvalho escrito em 1964- O filme teve locações nos estúdios Renato Aragão, em Belo Horizonte, Tiradentes, Quissamã (RJ) e em Fernando de Noronha. - O ator Diogo Vilela deveria caminhar alguns passos ao lado de um galo. O problema é que o bicho andava um pouquinho e parava. Nos ensaios, saía-se bem, mas na hora de rodar a cena simplesmente empacava, mesmo com um suculento prato de milho à sua frente. Vilela dava tapinhas nas costas do galo para ver se ele se animava, e nada. - Selton Mello interpretou Nogueira depois da desistência de Fábio Assunção, que foi posar para um editorial de moda em Veneza.

ESPECIAL: 50 Anos de TV no Brasil. 35 de Rede Globo - 2000







































História
Anos 1950
Nos
anos 50, a TV teve no Brasil um caráter de aventura, sendo os primeiros anos marcados pela aprendizagem, com improvisos ao vivo (não havia ainda o videotape). O alto custo do aparelho televisor - que era importado - restringia o seu acesso às classes mais abastadas. Os recursos técnicos eram primários, dispondo as emissoras apenas do suficiente para manter as estações no ar.
TV Tupi e o início de tudo
Assis Chateaubriand queria aumentar seu conglomerado de mídia Diários Associados, e para isso, resolveu trazer a televisão para o Brasil. Como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida dos Estados Unidos.
Junto de seus funcionários, foi buscar todos os equipamentos que chegaram por
navio no porto de Santos no dia 25 de março de 1950, no litoral do estado de São Paulo. Os equipamentos eram todos encomendados da Radio Corporation of America (RCA). Antes disso, já havia realizado uma pré-estréia com uma apresentação do Frei José Mojica, um padre cantor mexicano. As imagens geradas não passaram do saguão do prédio dos seus Diários Associados, que possuía alguns aparelhos de televisão instalados.
Em
10 de setembro, é realizada uma transmissão pela TV Tupi ainda em sua fase experimental. O conteúdo exibido era um filme onde o ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas relatava seu retorno à vida política.
Então, no dia
18 de setembro de 1950, Assis realiza seu grande sonho: coloca no ar oficialmente a TV Tupi canal 3 de São Paulo, PRF-3 TV. O transmissor de televisão comprado da RCA foi colocado no topo do prédio Banco do Estado de São Paulo. As imagens são geradas a partir de um estúdio localizado na Rua 7 de Abril, no centro da cidade. Uma célebre frase é dita por uma jovem criança de 5 anos de idade: "está no ar a televisão no Brasil". O logotipo do canal era um pequeno índio, e a garota estava vestida a caráter.
Na época a programação era improvisada e gerada completamente
ao vivo. Os imprevistos ocorriam freqüentemente; somente na inauguração do canal uma câmera importada estragou poucas horas antes de entrar no ar, e todo o programa foi feito com somente uma câmera. Como não haviam televisores ainda em São Paulo e nenhum outro lugar do país, Chateaubriand espalhou 200 aparelhos em lugares "estratégicos" da cidade de São Paulo.
Conta-se que estes aparelhos, importados, não conseguiriam chegar ao país no dia da primeira transmissão por problemas alfandegários. Sabendo disso, Chateaubriand utilizou de sua influência, que atingia diversos âmbitos, e antecipou a chegada destes aparelhos.
O primeiro programa criado especialmente para a televisão foi
TV na Taba, cuja apresentação ficava a cargo de Homero Silva. Além dele, Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, o balé de Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, o jogador Baltazar, a orquestra de George Henri e a poetisa Rosalina Coelho Lisboa também participavam.
A
TV Tupi também foi a primeira a produzir e veicular um telejornal no Brasil. Imagens do Dia foi ao ar em 19 de setembro sem horário fixo, geralmente indo ao ar às 21:30 ou 22:00. As matérias eram filmadas com película de 16 milímetros e muitas vezes tinham de ser revelados e levados de avião para São Paulo ou Rio de Janeiro, quase sempre chegando em cima da hora.
A
televisão continuava com audiência não muito significativa, pois todas as televisões tinham de ser importadas de outros países. Mesmo assim, Chateaubriand conseguiu vender um ano de espaço publicitário para algumas empresas.
O primeiro
teleteatro estréia em novembro daquele ano. A Vida por um Fio (baseado no norte-americano Sorry, Wrong Number) era um drama policial com Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins, contando a história de uma mulher estrangulada pelo marido com um fio de telefone.
Em
22 de novembro as concessões do governo passam a existir e a TV Tupi (SP) ganha a sua, junto da TV Record, canal 7 de São Paulo e a TV Jornal do Comércio, canal 2 de Recife.
Em janeiro de
1951, é inaugurada por Assis Chateaubriand a TV Tupi do Rio de Janeiro (canal 6), o segundo canal de TV do país. Os dois canais operavam de forma independente um do outro, pois não havia na época satélite nem torres de transmissão ou videoteipe, sendo a programação de cada canal transmitida ao vivo.
Outros canais
Outros canais pioneiros dos anos 1950 foram:
a
TV Paulista, canal 5 de São Paulo, inaugurada em março de 1952;
a
TV Record, canal 7 de São Paulo, inaugurada em setembro de 1953;
Com a inauguração desses canais, São Paulo passou a ter em fins de
1953 três canais, e o Rio de Janeiro um canal (TV Tupi).
Anos 1960
Os anos 60 foram um período de inovação na TV, numa época de mudanças nos costumes com a
Revolução Sexual, revoltas estudantis (Maio de 1968), e conquista da Lua.
Com a evolução
técnica das emissoras, o videotape chega finalmente às emissoras brasileiras em 1960, trazido pelo humorista Chico Anysio, permitindo que os erros ao vivo fossem previamente corrigidos, que um programa pudesse ser gravado num horário diferente do horário de sua exibição, e ainda que o mesmo programa pudesse ser reprisado diversas vezes.
O videotape (VT) permitiu a inauguração no país de mais 27 novas emissoras, com 80% da programação exibindo em VT as produções realizadas no eixo Rio-São Paulo.

TV Excelsior
Surge em 1960 a
TV Excelsior de São Paulo, que viria revolucionar os padrões então existentes. A emissora introduziu uma filosofia de programação visando à industrialização de seus produtos televisivos e à valorização do profissional da área. O foco principal era a produção de telenovelas.
Em
1963, a emissora nacionalizou a programação do horário nobre, até então dominado por seriados estrangeiros. O horário foi ocupado com a novela diária "2-5499 - Ocupado", produzida pela própria Excelsior. A emissora foi também pioneira na implantação no país da transmissão em rede, ou seja, simultaneamente para várias cidades.
TV Tupi
Na década de 1960, a TV Tupi fez sucesso com algumas novelas, entre elas o drama cubano "
O Direito de Nascer", que bateu recordes de audiência.
Em
1968, a novela "Beto Rockfeller", de Bráulio Pedroso e Cassiano Gabus Mendes, inovou a estrutura narrativa, apresentando a figura do "anti-herói". A partir daí, as novelas passaram a abordar temas urbanos, suburbanos ou regionais que pudessem ter aceitação nacional.
Paralelamente, um espaço abriu-se na TV Tupi para projetos experimentais, através de programas como
Móbile, Poder Jovem e Colagem, que buscavam encontrar o real significado artístico da linguagem da televisão.
TV Record
O programa "
Família Trapo", um dos mais famosos programas de humor da TV Record, era transmitido ao vivo direto do Teatro Record em São Paulo, com a presença do público e duas horas de duração. Este formato do programa "Família Trapo" serviu de inspiração mais tarde para o programa "Sai de Baixo", da Rede Globo, nos anos 1990.
Televisão em cores
A TV em cores no
Brasil começa em 1962, quando a TV Excelsior de São Paulo transmite no Sistema NTSC o programa Moacyr Franco Show. Em 1963 a TV Tupi de São Paulo também experimenta a transmissão em cores e começa a transmitir o seriado Bonanza nas noites de sábado, tambem em NTSC. Mas o sistema não pegou pois todas os receptores coloridos eram importados e custavam muito caro.
A
Copa do Mundo de 1970, no México, chegou em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel, que retransmitia para os raros possuidores de televisão colorida no Brasil. A Embratel reuniu convidados na sua sede no Rio de Janeiro, em São Paulo (no Edifício Itália) e em Brasília. O sinal, recebido em NTSC (padrão americano), era convertido para PAL-M e captado por aparelhos de TV instalados nas três cidades. Poucos puderam assistir aos jogos em cores. Conforme relato no livro "Jornal Nacional - 15 Anos de História" (1984, Rio Gráfica Editora - atual Editora Globo), na TV Globo havia, na época, apenas um aparelho de TV em cores.
Em
1971 o governo baixa uma lei determinando o corte da concessão das emissoras que não transmitirem uma porcentagem mínima de programas em cores. O sistema oficial passa a ser o PAL-M, que é uma mistura do padrão M do sistema NTSC e das cores do sistema PAL Europeu. O Objetivo e criar uma indústria totalmente nacional com seu sistema próprio. Para aumentar as vendas de receptores coloridos a Fábrica Colorado, patrocina replays de jogos de futebol todas as tardes nas TVs Bandeirantes e Gazeta. Com a Copa do Mundo de 1974, a venda de receptores coloridos finalmente coloca definitivamente o Brasil no mundo da TV em cores. Em 1972 após a regulamentação do sistema PAL-M no Brasil surge oficialmente a primeira transmissão em cores no Brasil a partir de Caxias do Sul, RS na ocasião da Festa da Uva, em 19 de fevereiro. Em 31 de março, inaugura-se oficialmente a televisão em cores no Brasil.
Década de 1980
Emissoras como
SBT e Rede Manchete abriram as portas devido ao fechamento da antecessora Rede Tupi. O fim do Regime militar significou o fim da censura à imprensa naquela época.
A partir da decada de 1990
A
Rede Manchete fechou suas portas em 1999, entrando no lugar a RedeTV!. Nesse período (entre as décadas de 1990 e 2000) houve o advento das redes em UHF como MTV Brasil por exemplo. Também houve a ascenção das emissoras de TV Por assinatura no Brasil.
A televisão digital entrou em operação comercial no final de
2007.
A chegada da TV Digital ao Brasil
A Televisão no Brasil está passando por uma fase de transição para a transmissão digital, que proporcionará uma qualidade superior de som e imagem. O governo brasileiro optou pelo ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting-Terrestrial) - Padrão japonês. A TV Digital no Brasil chegou as 20:30 do dia 2 de dezembro de 2007, inicialmente na cidade de São Paulo, pelo padrão japonês.
Programação:
Telenovelas:
Em 21 de Dezembro de 1951 foi ao ar a primeira tentativa de se realizar uma história seqüencial: Sua Vida Me Pertence, original de Walter Forster, transmitida às terças e quintas-feiras ao vivo, devido ao vídeo tape ainda não ter sido inventado. No início, as telenovelas, em sua maioria, eram adaptações de obras literárias, como Os Miseráveis, de Victor Hugo.
A telenovela diária apareceu apenas em
1963: a TV Excelsior exibe 2-5499 Ocupado, de Dulce Santucci. O primeiro grande sucesso de audiência veio com O Direito de Nascer (1965), apresentada pela TV Tupi. A partir daí, as emissoras começaram a produzir telenovelas sistematicamente. Beto Rockfeller (1968 - 1969), de Bráulio Pedroso, exibida pela Tupi, revolucionou o gênero ao tratar da realidade brasileira e usar linguagem coloquial.
Com o aprimoramento dos recursos técnicos,
atores e autores migraram do cinema e do teatro para a televisão, atraídos também por melhores salários. Em meados dos anos 60, muitos autores de teatro passaram a escrever telenovela, como Dias Gomes, Lauro César Muniz, Ivani Ribeiro e Cassiano Gabus Mendes.
A
década de 70 marcou o início da hegemonia da Rede Globo na produção de telenovelas, que se mantém até hoje. Janete Clair, autora de Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Pecado Capital, entre outras, tornou-se a principal autora de telenovelas do período. Em 1975, começam as produções do horário das seis na Globo, normalmente adaptações de clássicos da literatura. Essas adaptações lançam o novato Gilberto Braga, autor de Helena, Senhora, Escrava Isaura e Dona Xepa. Devido ao sucesso desta última, Gilberto é promovido para o horário das 8, onde escreve Dancin' Days, um marco da teledramaturgia nacional que influenciou, inclusive, a abertura de diversas discotecas pelo Brasil a exemplo da retratada na novela.
Nos
anos 80, a emissora lançou as minisséries, que se destacam pela sofisticação da produção e pela adaptação de clássicos da literatura brasileira, como O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo. Nesta década, destacam-se também as telenovelas das 7, marcadas pela comédia e por um sucesso muitas vezes maior do que as telenovelas das oito da época, vide a audiência de Elas por elas, Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, Cambalacho, Brega & Chique e Que Rei Sou Eu?. Essas telenovelas consagram Cassiano Gabus Mendes, que implantou um estilo mais comédia ao horário das 7, e Sílvio de Abreu, que inovou com a comédia pastelão de suas tramas.
Os
anos 90 começaram com um grande sucesso: Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, na Rede Manchete, que chegou a picos de 40 pontos no Ibope e ameaçou a soberania e audiência da Rede Globo. Mas as produções posteriores não mantiveram o mesmo nível. Só em 1996 a emissora voltou a ter audiência considerável, com Xica da Silva, de Walcyr Carrasco (sob o pseudônimo de Adamo Angel). Em 1998, a Rede Manchete - já em fase de falência - resolveu investir doze milhões de reais na adaptação da obra de Paulo Coelho: Brida. Apesar da revelação do talento da atriz Carolina Kasting no papel de Brida, o resultado não foi o esperado pela Manchete, que faz de tudo para aumentar os baixos índices de audiência. No final, a telenovela teve seu desfecho narrado por um locutor, pois todo o elenco entrou em greve, movendo uma ação conjunta no Ministério do Trabalho para receber os salários atrasados. Brida se tornou outra das poucas telenovelas no Brasil que não teve final exibido, a exemplo de Como Salvar Meu Casamento, na época de falência da Rede Tupi.
O
SBT reativou seu núcleo de dramaturgia em 1994 e exibiu Éramos Seis, adaptação do romance homônimo de Maria José Dupré. Em 1995 a emissora contratou três dos maiores autores da época: Glória Perez, Benedito Ruy Barbosa e Walter Negrão, que rescindiram o contrato e voltaram para à Rede Globo, que teria prometido assumir o ônus no caso de uma derrota judicial nas ações movidos pelo SBT contra os autores. Entretanto, a emissora continua a veicular produções mexicanas, como Marimar e Maria do Bairro, estreladas pela atriz e cantora Thalía. A última produção nacional do SBT foi Fascinação, de 1998. A Rede Bandeirantes apostou no sistema de co-produção com produtoras independentes. O resultado dessa parceria são as telenovelas A Idade da Loba e O Campeão, ambas de 1995. Também em 1995, na Rede Globo, era lançada Malhação, um folhetim com temática jovem com objetivo principal de revelar novos atores para as produções da casa.
Após uma interrupção de 24 anos - a última produção havia sido
Meu Adorável Mendigo, de 1973 - a Rede Record começou novamente a produzir telenovelas. Canoa do Bagre, de 1997, iniciou uma nova fase de produções. Apesar dos baixos índices no Ibope, a Record não desistiu e lançou, em média, suas produções por ano, apresentando também telenovelas produzidas no México como Olhar de Mulher em 2000 e na Venezuela como Joana, a virgem em 2002.
Nos
anos 2000, o SBT intensifica a produção de versões nacionais de telenovelas estrangeiras, principalmente mexicanas. Após o sucesso de Chiquititas, co-produção com a argentina Telefé, a emissora lança novelas como Pícara Sonhadora, Amor e Ódio, Marisol, Pequena Travessa, Jamais te Esquecerei, Canavial de Paixões, Seus Olhos, Esmeralda, Os Ricos Também Choram, Cristal, Maria Esperança e, mais recentemente, Amigas e Rivais, que não foram produções absolutamente contínuas, tendo suas transmissões intercaladas com telenovelas mexicanas.
As principais tendências do período na teledramaturgia nacional foram as produções de
época. Com o lançamento de minisséries como Hilda Furacão e Chiquinha Gonzaga, a Rede Globo percebeu os altos índices de audiência e apostou em superproduções. Dois exemplos são a telenovela Força de um Desejo, de Gilberto Braga, e Terra Nostra, de Benedito Ruy Barbosa.
Em
2004, após uma tentativa frustrada com Metamorphoses, a Rede Record retoma às produções de telenovelas com o lançamento de A Escrava Isaura, passando ao posto de segunda maior produtora nacional na categoria. Nos anos a concorrência com a Rede Globo aumenta, sendo esta batida com freqüência por produções como Prova de Amor, Vidas Opostas e Caminhos do Coração. Ao mesmo tempo, a Rede Globo passa por uma crise em suas novelas, que registram queda de audiência, sobretudo no horário das sete onde os índices só subiram com as duas primeiras telenovelas do novato João Emanuel Carneiro, Da Cor do Pecado e Cobras & Lagartos.
Com a chegada da
televisão digital no Brasil, em 2007, as primeiras produções transmitidas com a alta definição suportada pelo formato são Duas Caras, da Rede Globo, e Dance Dance Dance, da Band.
Os autores mais importantes da atualidade são, entre outros,
Gilberto Braga (Celebridade), Aguinaldo Silva (Senhora do Destino), Benedito Ruy Barbosa (Terra Nostra), Glória Perez (O Clone), Manoel Carlos (Páginas da Vida), Sílvio de Abreu (Belíssima), Walcyr Carrasco (Alma Gêmea), Carlos Lombardi (Kubanacan), João Emanuel Carneiro (Da Cor do Pecado), todos da Rede Globo, além de Tiago Santiago (Prova de Amor) e Marcílio Moraes (Vidas Opostas), da Rede Record. Entretanto, vem ganhando força a tendência do trabalho conjunto na autoria das tramas, antes, quase sempre, restrita a um único escritor. Um exemplo disso é a dupla Ricardo Linhares e Gilberto Braga, autores de Paraíso Tropical (2007), e Bosco Brasil e Cristianne Fridman, autores de Bicho do Mato (2006).
Programas de auditório:
No Brasil, dois ícones a serem citados em Programas de Auditório são Abelardo Barbosa (Chacrinha) e Silvio Santos. O primeiro, fenômeno de audiência até sua morte, em 1988, interagia com o auditório e animava-o com bordões famosos como "Vocês querem bacalhau?". O segundo apresenta até hoje uma série de programas no SBT, do qual é proprietário, sempre com sua platéia composta quase-que-absolutamente por mulheres.
Atualmente os programas de auditório estão presentes em todas as grandes emissoras nacionais. Na
Rede Globo o principal, e de maior audiência, é o Domingão do Faustão, exibido aos domingos. Ainda na Globo temos o Caldeirão do Hulk, aos sábados, o Programa do Jô, de segunda à sexta, o Altas Horas, na madrugada de sábado para domingo, e o quadro Vídeo Game do Video Show, de segunda a sexta.
Na
Rede Record, que, por anos, exibiu o Programa Raul Gil, atualmente na Band, temos O Melhor do Brasil, aos sábados, o Tudo é Possível, aos domingos, Show do Tom, aos domingos com reprise aos sábados, e Terceiro Tempo, aos domingos.
O
SBT é a emissora que mais aposta em programas de auditório. Deles, o mais duradouro é o Programa Silvio Santos, um horário específico aos domingos onde são exibidos diversos programas apresentados por Silvio Santos, atualmente intercalando com atrações de outros. O Domingo Legal é o principal programa de auditório da emissora atualmente, onde temos também o Viva a Noite aos sábados, o Casos de Família de segunda a sexta.
A
Band, como dito anteriormente, apresenta o consagrado Programa Raul Gil aos sábados. Também de Raul Gil, o Todo Domingo é Natal é exibido aos domingos. De segunda a sexta é exibido Márcia e às segundas, à noite, apresentado por Marcelo Tas mais outros dois companheiros de programa CQC - Custe o que custar e às terças Patrícia Maldonado apresenta É o Amor.
Histórico dos programas de auditório no Brasil
Em
1955 estreou na TV Rio o Programa de Gala, apresentado também na Rede Globo e na TV Tupi. Por ele passaram nomes como Oscarito, João Gilberto, Ema D'Ávila, Walter D'Ávila, Luís Delfino, Chico Anysio, Carmen Verônica, Íris Bruzzi e Márcia de Windsor. Paulo Gracindo e Sílvia Bandeira apresentaram na Rede Globo o 8 ou 800 onde os participantes respondiam perguntas sobre temas específicos e continuavam através das semanas, como no atual Vinte e Um, do SBT. Outro programa de perguntas e respostas de sucesso foi o O Céu é o Limite, apresentado por Jota Silvestre, que tinha como bordão "Resposta absolutamente certa".
Hebe Camargo apresentou diversos programas na televisão brasileira, como Calouros em Desfile, Hebe Comanda o Espetáculo, Com a Mão na Massa, O Mundo é das Mulheres e Maiôs à Beira-Mar, na década de 1950. Estreou seu programa na TV Record em 1966 e foi líder de audiência por três anos. Passou pela Band e desde 1986 está no SBT apresentando o tradicional Hebe às segundas-feiras.
Abelardo Barbosa, o Chacrinha, apresentou três programas de auditório de muito sucesso: Discoteca do Chacrinha, Buzina do Chacrinha e a Hora do Chacrinha, sendo Hora do Chacrinha o primeiro programa de calouros da televisão brasileira.
Silvio Santos estreou em 1966, na TV Globo, com um programa de quatro horas de duração nas tardes de domingo. Desde então os domingos à tarde passaram a ser marca registrada de Silvio. Seu programa era composto por gincanas, premiações e música. Em 1976 migrou para a TVS e em 1981 para o SBT. Seu "pacote" de programas é um dos mais antigos ainda em atividade da televisão brasileira. As atrações sempre se renovam contando com show de calouros, concursos de dança, game shows entre outros.
Atualmente rivais na audiência com
Domingão do Faustão e Domingo Legal, Fausto Silva e Augusto Liberato começaram, respectivamente, nos programas Perdidos na Noite e Viva a Noite. Outro marco da época moderna da televisão foi o Programa Livre, de Serginho Groisman, que estreou em 1991. O programa era composto por uma platéia de jovens que interagiam diretamente com os convidados fazendo perguntas e debatendo temas. O formato do programa está sendo reutilizado no Altas Horas, também de Serginho.
Jornalismo sensacionalista:
Durante a
década de 1990, junto do crescimento da violência nas grandes cidades brasileiras, a programação da TV no fim da tarde começou a ser tomada pelos programas de jornalismo sensacionalista. O primeiro foi o Aqui Agora (SBT). Inspirado neste, surgiram Cidade Alerta (Record), Brasil Urgente (Band) e Repórter Cidadão (RedeTV!).
O principal componente dos
programas é o apresentador, que na maioria dos programas adiciona um tom sério porém sensacionalista a reportagens geralmente de tragédias ou perseguições. É muito comum também encontrar as "unidades móveis" do programa que andam pelo centro da cidade seguindo a polícia em algum tipo de missão. Os helicópteros também são um recurso utilizado, geralmente para mostrar engarrafamentos. Outra atitude comum dos apresentadores é cobrar a polícia por mais ação diante do comportamento dos criminosos. Este tipo de programa explora a degradação humana bem como é o pano de fundo para as praticas comerciais não sendo em nenhum momento um programa jornalistico de verdade.
Nos estados da
Região Norte e Região Nordeste e outros há uma explosão de programas policiais locais, exibidas no horario de almoço que muitas vezes chegam a ficar na liderança derrotando as afiliadas Rede Globo no Ibope. As afiliadas do SBT, Rede Record, Rede Bandeirantes, RedeTV! e a TV Diário (via Parabolica) são as que mais investem nesse tipo de programa.
Programas infantis
Muito antes do advento de artistas infantis como
Mara Maravilha, Xuxa e Angélica, como de costume, a TV Tupi importou do rádio o primeiro programa infantil da televisão brasileira, o Clube do Guri (originalmente chamado de Gurilândia). O programa durou 21 anos no ar (1955 - 1976), misturando crianças-prodígio e mães-corujas vigilantes. Entre as principais atrações do programa, estavam cantos, declamação de versos de Castro Alves e canções com instrumentos musicais.
Mais tarde, a
TV Tupi também emplacou outros sucessos infantis, como o Teatrinho Trol (1956 - 1966) e o Capitão Aza (1966 - 1979). Este último, além de suas atrações próprias, apresentava desenhos como Speed Racer e Corrida Maluca, além de outros clássicos como A Feiticeira e Jeannie É um Gênio, provavelmente iniciando o formato de programa infantil que apresentava desenhos animados.
A segunda geração dos programas infantis na televisão brasileira ficou a cargo da Rede Globo, responsável pela produção de célebres programas infantis como
Capitão Furacão (1965 - 1969), Vila Sésamo, etc.
Provavelmente o mais famoso programa infantil da televisão brasileira,
Sítio do Picapau Amarelo, estreou em 1951 e durou até 1963 na TV Tupi e de 1977 a 1986 na Rede Globo. Foi ressucitado na década de 2000 com novos atores e histórias. Antigamente, entre a TV Tupi e a Globo, os personagens eram os mesmos, porém o formato do programa era diferente.
No fim dos
anos 80, começam a surgir as famosas apresentadoras infantis, que praticamente tornaram-se uma marca registrada dos programas infantis no início da era moderna da televisão brasileira. Entre elas podemos destacar Xuxa e seu Xou da Xuxa (1986 - 1993), Angélica e seu Angel Mix, Mara Maravilha e seu Show Maravilha (1987 - 1993), Simony e Mariane no SBT, Eliana e Jackeline Petkovic com o Bom Dia & Cia.

O Lobisomem (08/07/1999) - Episódio: VOCÊ DECIDE. Livre adaptação de "O Coronel e o Lobisomem"






Uma super produção realizada pela Rede Globo de Televisão para o Programa Você Decide. Tido como a melhor história apresentada em todos os anos do extinto programa.


Trata-se da livre versão realizada por Jorge Furtado do clássico "O Coronel e o Lobisomem", ambientada em nossos dias o amor de uma jovem (Milla Kristi) salva o peão (Umberto Martins) Omar de uma terrível maldição: a cina de ser o Lobisomem.


Um espetáculo de emoção e efeitos especiais com incríveis participações e um final magnífico, pois; VOCÊ DECIDE!!!

Roque Santiero. (PRIMEIRA VERSÃO), Dias Gomes - 1975



































































Globo
novela de Dias Gomes
direção de Daniel Filho
SINOPSE
O dia a dia em Asa Branca, pequena cidade no nordeste brasileiro. Lá, há dezessete anos, o coroinha Roque Santeiro, assim conhecido por sua habilidade em modelar santos, tombou morto ao defender a população dos homens do bandido Trovoada, logo após seu misterioso casamento com a desconhecida Porcina. Santificado pelo povo, que lhe atribui milagres, tornou-se um mito e fez prosperar a cidade ao redor da sua história de heroísmo.
Os anos passam e os poderosos de Asa Branca são os principais interessados em manter o mito de Roque Santeiro, como o prefeito Florindo Abelha e o comerciante Zé das Medalhas, principal explorador do santo. Mas o maior interessado é Sinhozinho Malta, amante da Viúva Porcina, que nunca foi casada com Roque e sempre viveu à sombra de uma mentira articulada por Malta. Mentira institucionalizada para fortificar o mito e tirar vantagens pessoais.
ELENCO
FRANCISCO CUOCO - Roque Santeiro
BETTY FARIA - Viúva Porcina
LIMA DUARTE - Sinhozinho Malta
LUTERO LUIZ - Florindo Abelha
EVA TODOR - Pombinha
TEREZA AMAYO - Mocinha
EMILIANO QUEIRÓZ - Zé das Medalhas
DÉBORA DUARTE - Lulú
DENIS CARVALHO - Roberto Mathias
ROSAMARIA MURTINHO - Matilde
MILTON GONÇALVES - Padre Honório (Padre Hipólito)
ELIZÂNGELA - Tânia
ELZA GOMES - Dona Marcelina
ANDRÉ VALLI - Gérson do Valle
SANDRA BARSOTTI - Linda Bastos
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ - Tito Moreyra França
MARIA CRISTINA NUNES - Selma Sotero
WALDIR MAIA - Professor Astromar Junqueira
JOÃO CARLOS BARROSO - Toninho Jiló
CATULO DE PAULA - Cego Jeremias
GERMANO FILHO - Beato Salú
DARY REIS - Delegado Feijó
LADY FRANCISCO - Ninon
LEINA KRESPI - Rosaly
ILVA NIÑO - Mina
IVAN DE ALMEIDA - Rodésio
CIDINHA MILAN - João Ligeiro
MALU ROCHA - Dondinha
WÁLTER SANTOS - Luisão
HAYDÉE FERNANDES - Ciana
RAFAEL DE CARVALHO - Trovoada (Navalhada)
Bastidores
Em 1975, em comemoração aos 10 anos de existência da TV Globo, Dias Gomes começou a escrever A Saga de Roque Santeiro e a Incrível História da Viúva que Foi Sem Nunca Ter Sido, a nova atração do horário nobre que prometia inovar o gênero. A novela já tinha 10 capítulos editados e quase 30 gravados quando foi proibida pela Censura de ir ao ar na noite de sua estréia. No Jornal Nacional do dia 27/08/1975, o locutor Cid Moreira leu um editorial escrito por Armando Nogueira, anunciando o veto. A Censura Federal justificava: "A novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja". A casa providenciou então uma reprise compacta da novela
Selva de Pedra enquanto Janete Clair era acionada para às pressas escrever uma nova trama para o horário, usando praticamente a mesma equipe de Roque Santeiro. (Janete escreveu então Pecado Capital, um de seus maiores sucessos!)
Dias Gomes baseou-se em sua peça teatral O Berço do Herói", escrita em 1963 e proibida dois anos depois pela Censura do Governo Militar.
Sobre a proibição da primeira versão de Roque Santeiro, Artur Xexéo narra em seu livro
Janete Clair, a Usineira de Sonhos:"A sinopse estava em Brasília quando o autor recebeu um telefonema do amigo Nelson Werneck Sodré. (...) 'O que é que você está fazendo?' - quis saber Werneck. 'Uma pequena sacanagem' - respondeu Dias. 'Estou adaptando O Berço do Herói para a TV'. 'Mas a Censura vai deixar passar?'. 'Não tem mais o cabo. Assim passa. Esses militares são muito burros'. Como também era hábito, o telefone de Nelson Werneck Sodré estava grampeado. A conversa foi gravada, a Censura entendeu as intenções de Dias, os militares voltaram a se sentir atingidos e a sinopse nunca foi oficilamente liberada".
Dez anos depois, em 1985, com os ares liberais da Nova República,
Roque Santeiro pôde enfim estrear tornando-se um dos maiores sucessos da TV brasileira de todos os tempos!
Alguns atores do elenco original puderam enfim interpretar seus papéis: Lima Duarte (Sinhozinho Malta), João Carlos Barroso (Jiló), Luiz Armando Queiróz (Tito) e Ilva Niño (Mina). Milton Gonçalves, que iria fazer o Padre em 1975, voltou em 1985 como o Promotor Público. E Elizângela, a Tânia da versão original, voltou como Marilda.
Editorial lido por Cid Moreira no Jornal Nacional do dia da estréia (27/08/75) sobre a censura de Roque Santeiro:A Rede Globo divulgou ontem o seguinte editorial: Desde janeiro que a novela Roque Santeiro vem sendo feita. Seria a primeira novela colorida do horário das oito da noite. Antecipando-se aos prazos legais, a Rede Globo entregou à Censura Federal o script dos vinte primeiros capítulos. No dia 4 de julho, finalmente, o diretor de Censura de Diversões Públicas, Sr. Rogério Nunes, comunicava à Rede Globo: os vinte primeiros capítulos estavam aprovados para o horário das oito "condicionados porém - dizia o ofício - à verificação das gravações para obtenção do certificado liberatório". O mesmo ofício apontava expressamente os cortes que deviam ser feitos e recomendava que os capítulos seguintes, a partir dos vinte já examinados, deviam manter - palavras textuais da Censura - "o mesmo nível apresentado até agora". Todos os cortes determinados foram feitos. A Rede Globo empregou todos os seus recursos técnicos e pessoais na produção da novela Roque Santeiro. Contratou artistas, contratou diretores, contratou cenógrafos, maquiladores, montou uma cidade em Barra de Guaratiba, enfim, a Globo mobilizou um grandioso conjunto de valores que hoje é necessário à realização de uma novela no padrão da Globo. Foram mais de 500 horas de gravação, das quais resultaram os vinte primeiros capítulos, devidamente submetidos à Censura. Depois de examinar detidamente os capítulos gravados, o Departamento de Censura decidiu: a novela estava liberada, mas só para depois das dez da noite. Assim mesmo, com novos cortes. Cortes que desfigurariam completamente a novela. Assim a Rede Globo, que até o último momento tentou vencer todas as dificuldades, vê-se forçada a cancelar a novela Roque Santeiro. No lugar de Roque Santeiro, entra em reapresentação, e em capítulos concentrados, a novela Selva de Pedra, com Regina Duarte e Francisco Cuoco. Dentro de alguns dias, porém - esse é um compromisso que assumimos com o público -, a Rede Globo estará com uma nova novela no horário das oito. Para isso começou hoje mesmo a mobilização de todo o nosso patrimônio: o elenco de artistas, os técnicos, os produtores, enfim, todos os profissionais que aqui trabalham com o ânimo de apurazr cada vez mais a qualidade da televisão brasileira. Foi desse ideal de qualidade que nasceu a novela Roque Santeiro e é precisamente com esse mesmo ideal que, dentro de alguns dias, a Globo estará apresentando no horário das oito da noite uma novela - esperamos - de nível artístico ainda melhor que Roque Santeiro."Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo(Extraído de O Globo, quinta-feira, 28 de agosto de 1975, página 5)