Globo
novela de Dias Gomes
direção de Daniel Filho
SINOPSE
O dia a dia em Asa Branca, pequena cidade no nordeste brasileiro. Lá, há dezessete anos, o coroinha Roque Santeiro, assim conhecido por sua habilidade em modelar santos, tombou morto ao defender a população dos homens do bandido Trovoada, logo após seu misterioso casamento com a desconhecida Porcina. Santificado pelo povo, que lhe atribui milagres, tornou-se um mito e fez prosperar a cidade ao redor da sua história de heroísmo.
Os anos passam e os poderosos de Asa Branca são os principais interessados em manter o mito de Roque Santeiro, como o prefeito Florindo Abelha e o comerciante Zé das Medalhas, principal explorador do santo. Mas o maior interessado é Sinhozinho Malta, amante da Viúva Porcina, que nunca foi casada com Roque e sempre viveu à sombra de uma mentira articulada por Malta. Mentira institucionalizada para fortificar o mito e tirar vantagens pessoais.
ELENCO
FRANCISCO CUOCO - Roque Santeiro
BETTY FARIA - Viúva Porcina
LIMA DUARTE - Sinhozinho Malta
LUTERO LUIZ - Florindo Abelha
EVA TODOR - Pombinha
TEREZA AMAYO - Mocinha
EMILIANO QUEIRÓZ - Zé das Medalhas
DÉBORA DUARTE - Lulú
DENIS CARVALHO - Roberto Mathias
ROSAMARIA MURTINHO - Matilde
MILTON GONÇALVES - Padre Honório (Padre Hipólito)
ELIZÂNGELA - Tânia
ELZA GOMES - Dona Marcelina
ANDRÉ VALLI - Gérson do Valle
SANDRA BARSOTTI - Linda Bastos
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ - Tito Moreyra França
MARIA CRISTINA NUNES - Selma Sotero
WALDIR MAIA - Professor Astromar Junqueira
JOÃO CARLOS BARROSO - Toninho Jiló
CATULO DE PAULA - Cego Jeremias
GERMANO FILHO - Beato Salú
DARY REIS - Delegado Feijó
LADY FRANCISCO - Ninon
LEINA KRESPI - Rosaly
ILVA NIÑO - Mina
IVAN DE ALMEIDA - Rodésio
CIDINHA MILAN - João Ligeiro
MALU ROCHA - Dondinha
WÁLTER SANTOS - Luisão
HAYDÉE FERNANDES - Ciana
RAFAEL DE CARVALHO - Trovoada (Navalhada)
Bastidores
Em 1975, em comemoração aos 10 anos de existência da TV Globo, Dias Gomes começou a escrever A Saga de Roque Santeiro e a Incrível História da Viúva que Foi Sem Nunca Ter Sido, a nova atração do horário nobre que prometia inovar o gênero. A novela já tinha 10 capítulos editados e quase 30 gravados quando foi proibida pela Censura de ir ao ar na noite de sua estréia. No Jornal Nacional do dia 27/08/1975, o locutor Cid Moreira leu um editorial escrito por Armando Nogueira, anunciando o veto. A Censura Federal justificava: "A novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja". A casa providenciou então uma reprise compacta da novela Selva de Pedra enquanto Janete Clair era acionada para às pressas escrever uma nova trama para o horário, usando praticamente a mesma equipe de Roque Santeiro. (Janete escreveu então Pecado Capital, um de seus maiores sucessos!)
Dias Gomes baseou-se em sua peça teatral O Berço do Herói", escrita em 1963 e proibida dois anos depois pela Censura do Governo Militar.
Sobre a proibição da primeira versão de Roque Santeiro, Artur Xexéo narra em seu livro Janete Clair, a Usineira de Sonhos:"A sinopse estava em Brasília quando o autor recebeu um telefonema do amigo Nelson Werneck Sodré. (...) 'O que é que você está fazendo?' - quis saber Werneck. 'Uma pequena sacanagem' - respondeu Dias. 'Estou adaptando O Berço do Herói para a TV'. 'Mas a Censura vai deixar passar?'. 'Não tem mais o cabo. Assim passa. Esses militares são muito burros'. Como também era hábito, o telefone de Nelson Werneck Sodré estava grampeado. A conversa foi gravada, a Censura entendeu as intenções de Dias, os militares voltaram a se sentir atingidos e a sinopse nunca foi oficilamente liberada".
Dez anos depois, em 1985, com os ares liberais da Nova República, Roque Santeiro pôde enfim estrear tornando-se um dos maiores sucessos da TV brasileira de todos os tempos!
Alguns atores do elenco original puderam enfim interpretar seus papéis: Lima Duarte (Sinhozinho Malta), João Carlos Barroso (Jiló), Luiz Armando Queiróz (Tito) e Ilva Niño (Mina). Milton Gonçalves, que iria fazer o Padre em 1975, voltou em 1985 como o Promotor Público. E Elizângela, a Tânia da versão original, voltou como Marilda.
Editorial lido por Cid Moreira no Jornal Nacional do dia da estréia (27/08/75) sobre a censura de Roque Santeiro:A Rede Globo divulgou ontem o seguinte editorial: Desde janeiro que a novela Roque Santeiro vem sendo feita. Seria a primeira novela colorida do horário das oito da noite. Antecipando-se aos prazos legais, a Rede Globo entregou à Censura Federal o script dos vinte primeiros capítulos. No dia 4 de julho, finalmente, o diretor de Censura de Diversões Públicas, Sr. Rogério Nunes, comunicava à Rede Globo: os vinte primeiros capítulos estavam aprovados para o horário das oito "condicionados porém - dizia o ofício - à verificação das gravações para obtenção do certificado liberatório". O mesmo ofício apontava expressamente os cortes que deviam ser feitos e recomendava que os capítulos seguintes, a partir dos vinte já examinados, deviam manter - palavras textuais da Censura - "o mesmo nível apresentado até agora". Todos os cortes determinados foram feitos. A Rede Globo empregou todos os seus recursos técnicos e pessoais na produção da novela Roque Santeiro. Contratou artistas, contratou diretores, contratou cenógrafos, maquiladores, montou uma cidade em Barra de Guaratiba, enfim, a Globo mobilizou um grandioso conjunto de valores que hoje é necessário à realização de uma novela no padrão da Globo. Foram mais de 500 horas de gravação, das quais resultaram os vinte primeiros capítulos, devidamente submetidos à Censura. Depois de examinar detidamente os capítulos gravados, o Departamento de Censura decidiu: a novela estava liberada, mas só para depois das dez da noite. Assim mesmo, com novos cortes. Cortes que desfigurariam completamente a novela. Assim a Rede Globo, que até o último momento tentou vencer todas as dificuldades, vê-se forçada a cancelar a novela Roque Santeiro. No lugar de Roque Santeiro, entra em reapresentação, e em capítulos concentrados, a novela Selva de Pedra, com Regina Duarte e Francisco Cuoco. Dentro de alguns dias, porém - esse é um compromisso que assumimos com o público -, a Rede Globo estará com uma nova novela no horário das oito. Para isso começou hoje mesmo a mobilização de todo o nosso patrimônio: o elenco de artistas, os técnicos, os produtores, enfim, todos os profissionais que aqui trabalham com o ânimo de apurazr cada vez mais a qualidade da televisão brasileira. Foi desse ideal de qualidade que nasceu a novela Roque Santeiro e é precisamente com esse mesmo ideal que, dentro de alguns dias, a Globo estará apresentando no horário das oito da noite uma novela - esperamos - de nível artístico ainda melhor que Roque Santeiro."Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo(Extraído de O Globo, quinta-feira, 28 de agosto de 1975, página 5)
novela de Dias Gomes
direção de Daniel Filho
SINOPSE
O dia a dia em Asa Branca, pequena cidade no nordeste brasileiro. Lá, há dezessete anos, o coroinha Roque Santeiro, assim conhecido por sua habilidade em modelar santos, tombou morto ao defender a população dos homens do bandido Trovoada, logo após seu misterioso casamento com a desconhecida Porcina. Santificado pelo povo, que lhe atribui milagres, tornou-se um mito e fez prosperar a cidade ao redor da sua história de heroísmo.
Os anos passam e os poderosos de Asa Branca são os principais interessados em manter o mito de Roque Santeiro, como o prefeito Florindo Abelha e o comerciante Zé das Medalhas, principal explorador do santo. Mas o maior interessado é Sinhozinho Malta, amante da Viúva Porcina, que nunca foi casada com Roque e sempre viveu à sombra de uma mentira articulada por Malta. Mentira institucionalizada para fortificar o mito e tirar vantagens pessoais.
ELENCO
FRANCISCO CUOCO - Roque Santeiro
BETTY FARIA - Viúva Porcina
LIMA DUARTE - Sinhozinho Malta
LUTERO LUIZ - Florindo Abelha
EVA TODOR - Pombinha
TEREZA AMAYO - Mocinha
EMILIANO QUEIRÓZ - Zé das Medalhas
DÉBORA DUARTE - Lulú
DENIS CARVALHO - Roberto Mathias
ROSAMARIA MURTINHO - Matilde
MILTON GONÇALVES - Padre Honório (Padre Hipólito)
ELIZÂNGELA - Tânia
ELZA GOMES - Dona Marcelina
ANDRÉ VALLI - Gérson do Valle
SANDRA BARSOTTI - Linda Bastos
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ - Tito Moreyra França
MARIA CRISTINA NUNES - Selma Sotero
WALDIR MAIA - Professor Astromar Junqueira
JOÃO CARLOS BARROSO - Toninho Jiló
CATULO DE PAULA - Cego Jeremias
GERMANO FILHO - Beato Salú
DARY REIS - Delegado Feijó
LADY FRANCISCO - Ninon
LEINA KRESPI - Rosaly
ILVA NIÑO - Mina
IVAN DE ALMEIDA - Rodésio
CIDINHA MILAN - João Ligeiro
MALU ROCHA - Dondinha
WÁLTER SANTOS - Luisão
HAYDÉE FERNANDES - Ciana
RAFAEL DE CARVALHO - Trovoada (Navalhada)
Bastidores
Em 1975, em comemoração aos 10 anos de existência da TV Globo, Dias Gomes começou a escrever A Saga de Roque Santeiro e a Incrível História da Viúva que Foi Sem Nunca Ter Sido, a nova atração do horário nobre que prometia inovar o gênero. A novela já tinha 10 capítulos editados e quase 30 gravados quando foi proibida pela Censura de ir ao ar na noite de sua estréia. No Jornal Nacional do dia 27/08/1975, o locutor Cid Moreira leu um editorial escrito por Armando Nogueira, anunciando o veto. A Censura Federal justificava: "A novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja". A casa providenciou então uma reprise compacta da novela Selva de Pedra enquanto Janete Clair era acionada para às pressas escrever uma nova trama para o horário, usando praticamente a mesma equipe de Roque Santeiro. (Janete escreveu então Pecado Capital, um de seus maiores sucessos!)
Dias Gomes baseou-se em sua peça teatral O Berço do Herói", escrita em 1963 e proibida dois anos depois pela Censura do Governo Militar.
Sobre a proibição da primeira versão de Roque Santeiro, Artur Xexéo narra em seu livro Janete Clair, a Usineira de Sonhos:"A sinopse estava em Brasília quando o autor recebeu um telefonema do amigo Nelson Werneck Sodré. (...) 'O que é que você está fazendo?' - quis saber Werneck. 'Uma pequena sacanagem' - respondeu Dias. 'Estou adaptando O Berço do Herói para a TV'. 'Mas a Censura vai deixar passar?'. 'Não tem mais o cabo. Assim passa. Esses militares são muito burros'. Como também era hábito, o telefone de Nelson Werneck Sodré estava grampeado. A conversa foi gravada, a Censura entendeu as intenções de Dias, os militares voltaram a se sentir atingidos e a sinopse nunca foi oficilamente liberada".
Dez anos depois, em 1985, com os ares liberais da Nova República, Roque Santeiro pôde enfim estrear tornando-se um dos maiores sucessos da TV brasileira de todos os tempos!
Alguns atores do elenco original puderam enfim interpretar seus papéis: Lima Duarte (Sinhozinho Malta), João Carlos Barroso (Jiló), Luiz Armando Queiróz (Tito) e Ilva Niño (Mina). Milton Gonçalves, que iria fazer o Padre em 1975, voltou em 1985 como o Promotor Público. E Elizângela, a Tânia da versão original, voltou como Marilda.
Editorial lido por Cid Moreira no Jornal Nacional do dia da estréia (27/08/75) sobre a censura de Roque Santeiro:A Rede Globo divulgou ontem o seguinte editorial: Desde janeiro que a novela Roque Santeiro vem sendo feita. Seria a primeira novela colorida do horário das oito da noite. Antecipando-se aos prazos legais, a Rede Globo entregou à Censura Federal o script dos vinte primeiros capítulos. No dia 4 de julho, finalmente, o diretor de Censura de Diversões Públicas, Sr. Rogério Nunes, comunicava à Rede Globo: os vinte primeiros capítulos estavam aprovados para o horário das oito "condicionados porém - dizia o ofício - à verificação das gravações para obtenção do certificado liberatório". O mesmo ofício apontava expressamente os cortes que deviam ser feitos e recomendava que os capítulos seguintes, a partir dos vinte já examinados, deviam manter - palavras textuais da Censura - "o mesmo nível apresentado até agora". Todos os cortes determinados foram feitos. A Rede Globo empregou todos os seus recursos técnicos e pessoais na produção da novela Roque Santeiro. Contratou artistas, contratou diretores, contratou cenógrafos, maquiladores, montou uma cidade em Barra de Guaratiba, enfim, a Globo mobilizou um grandioso conjunto de valores que hoje é necessário à realização de uma novela no padrão da Globo. Foram mais de 500 horas de gravação, das quais resultaram os vinte primeiros capítulos, devidamente submetidos à Censura. Depois de examinar detidamente os capítulos gravados, o Departamento de Censura decidiu: a novela estava liberada, mas só para depois das dez da noite. Assim mesmo, com novos cortes. Cortes que desfigurariam completamente a novela. Assim a Rede Globo, que até o último momento tentou vencer todas as dificuldades, vê-se forçada a cancelar a novela Roque Santeiro. No lugar de Roque Santeiro, entra em reapresentação, e em capítulos concentrados, a novela Selva de Pedra, com Regina Duarte e Francisco Cuoco. Dentro de alguns dias, porém - esse é um compromisso que assumimos com o público -, a Rede Globo estará com uma nova novela no horário das oito. Para isso começou hoje mesmo a mobilização de todo o nosso patrimônio: o elenco de artistas, os técnicos, os produtores, enfim, todos os profissionais que aqui trabalham com o ânimo de apurazr cada vez mais a qualidade da televisão brasileira. Foi desse ideal de qualidade que nasceu a novela Roque Santeiro e é precisamente com esse mesmo ideal que, dentro de alguns dias, a Globo estará apresentando no horário das oito da noite uma novela - esperamos - de nível artístico ainda melhor que Roque Santeiro."Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo(Extraído de O Globo, quinta-feira, 28 de agosto de 1975, página 5)