Romance de Júlio Dinis publicado, em 1866, sob o formato de folhetins no Jornal do Porto, e em volume no ano seguinte. Segundo o próprio autor, numa referência das "Notas", a obra teria principiado a ser escrita em 1863, durante a permanência de Júlio Dinis em Ovar. O título refere-se às personagens femininas do romance, duas meias-irmãs órfãs, Margarida e Clara, de personalidades opostas, adoptadas pelo Reitor. A intriga centra-se, contudo, em Daniel, segundo filho do lavrador José das Dornas. Depois de, em rapazinho, ter renunciado à carreira eclesiástica por amor a Margarida, Daniel regressa à aldeia, já médico e completamente esquecido do seu idílio de infância. Para além do Reitor, a obra apresenta uma interessante galeria de tipos rústicos, onde se destacam as figuras de José das Dornas, João Semana, o bondoso médico rural, João da Esquina, o dono da loja, e a sua esposa interesseira, a ti'Zefa, a beata linguaruda, entre outras. Em suma, As Pupilas do Senhor Reitor traduz a vida rural portuguesa da época. Um livro escrito com a simplicidade de estilo e o realismo de representação que caracterizam a obra de Júlio Dinis, recheado de situações imprevistas e de grande intensidade dramática.O êxito deste romance suscitou três adaptações para cinema, todas elas muito próximas da estrutura da obra original mas com grandes diferenças de qualidade técnica. A primeira data de 1922 e foi feita sob a direcção de Maurice Mariaud. Trata-se de um filme mudo, produzido pela Caldevilla Films. Contou com o argumento de Campos Monteiro e a fotografia de Vitor Morin (ou Mory). A interpretação esteve a cargo de Eduardo Brazão, Augusto Melo, Duarte Silva, Maria de Oliveira, Maria Helena e Arthur Duarte, entre outros.Em 1935, Leitão de Barros realizou e argumentou a segunda adaptação do romance. Escolheu para o desempenho dos papéis principais dois estreantes na Sétima Arte: Maria Paula, que fez de Clara, e Paiva Raposo, que fez de Daniel. Merece também destaque a figura de João Semana, o médico da aldeia, aqui personificado por Lino Ferreira. Maria Matos e Leonor d'Eça completavam o elenco. Esta é uma versão ainda a preto e branco, com uma duração de 1h 45m, produzida pela Tobis Portuguesa. A direcção fotográfica esteve a cargo de Heinrich Gartner e a direcção musical coube a Frederico de Freitas. Segundo a generalidade das opiniões críticas, é esta a melhor adaptação cinematográfica do romance de Júlio Dinis.Anos mais tarde, em 1960, teve lugar uma terceira realização d'As Pupilas do Senhor Reitor, desta vez encetada por Perdigão Queiroga. Desta feita, trata-se de uma película a cores, com 1h 40m de duração. Como não poderia deixar de ser, o núcleo de actores foi alterado: coube agora a Anselmo Duarte, Mansa Prado, Isabel de Castro e Raul Solnado assumir os principais papéis; António Silva, porém, foi repetente na sua participação neste filme.